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CASAIS COM PAZ E VIDA

Professores dão as primeiras impressões sobre as perguntas do primeiro dia de prova; participantes têm até as 19h para concluir exame.

Professores participam do primeiro dia de Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) neste domingo (13) e dão as primeiras impressões sobre o exame. Os candidatos têm até às 19h para concluir a prova. A partir das 18h30, os participantes podem deixar o local de exame com o caderno de questões.

Mais de 3,3 milhões de estudantes participam desta edição do Enem. Eles têm 5h30 para responder a 90 questões de linguagens e ciências humanas (história, geografia, sociologia e filosofia) e entregar uma dissertação a partir do tema Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais.

Os professores ouvidos pelo R7 afirmam que a prova do Enem seguiu o padrão dos últimos anos. “A prova do Enem 2022 talvez tenha sido a prova mais atual desde o início de sua aplicação: temas quentes, diversos e que reforçaram a autonomia  da banca na elaboração da prova” avalia Pedro Vasconcelos, professor de redação do curso pré-vestibular Anglo Leonardo da Vinci, de São Paulo. “Os temas escolhidos reforçam valores relevantes para uma sociedade democrática e igualitária: a validação do processo eleitoral, a preservação das comunidades tradicionais, igualdade de gênero e desigualdade social.”

Para Volmar B. de Souza, professores de língua portuguesa, literatura e redação, diretor da Rede Marília Mattoso, de Niterói, no Rio de Janeiro, este primeiro dia “quebrou expectativas de quem aguardava por uma prova teoricamente mais conteudista e com menor engajamento político-social.”

“A prova deste ano não teve nada muito diferente do que já estamos acostumados, mas me chamou atenção o número de questões de história, foram 11 perguntas num universo de 45, mas houve um aumento de questões de sociologia”, destaca Rodrigo Magalhães, professor de geografia da Plataforma AZ de Aprendizagem.

Para Guilherme Freitas, professor de história das Escolas SEB, destaca que na prova de humanas a questão que envolve o que é estado de direito merece destaque. “Essa é a grande questão da prova de humanas, que questiona o que seria considerado uma violação do Estado de Direito. A resposta certa, neste caso, é o ato de não reconhecer o resultado das eleições de representantes políticos. A princípio essa seria uma das questões mais importantes devido ao atual momento político.”

“Neste ano caiu mais história do Brasil que história geral. Um ponto importante foi uma prova muito social, que abordou a questão feminina e dos negros”, diz Freitas. “Sobre Brasil Império, uma questão abordava a diferença de educação entre homens e mulheres no país. No primeiro texto, falava que as mulheres não conseguiriam aprender matemática, e no segundo texto, um político defendeu a equidade na educação. E a segunda questão mostra que como as mulheres, ao lerem, começam a questionar a lógica patriarcal e começam a consumir mais livros.”

Linguagens

Rafael Cunha, professor de redação da Descomplica, avalia que a prova de linguagens foi uma prova “dentro do que tivemos nos últimos anos. Isso significa que tiveram questões relacionadas a funções da linguagem: figuras de linguagem; diversos textos de caráter literário, com alguns autores como Machado de Assis e Clarice Lispector aparecendo; questões que envolviam conhecimentos artísticos, não muito profundos, mas com alusão a referências artísticas como, por exemplo, o movimento minimalista; muitas questões também envolvendo textos verbais e textos não verbais; e questões que envolviam ativação de gênero masculino e gênero feminino.”

Cunha também chama atenção para as perguntas ligadas a temas esportivos, como, por exemplo, um texto fazendo alusão a “fadinha do skate”, a Rayssa Leal, a brasileira mais jovem a conseguir uma medalha de prata nas Olimpíadas. “A ideia é desconstruir a visão de que o skate não é para mulheres, ou de que é um esporte masculino.”

Ainda, sobre o tema da redação, Eduardo Morais, professor de história do curso pré-vestibular Anglo Leonardo da Vinci, de São Paulo, avalia que o tema é “extremamente pertinente  no contexto atual, sobretudo pensando que a Constituição de 1988, conhecida como a “Constituição Cidadã”, garante uma série de prerrogativas para a valorização e reconhecimento das comunidades tradicionais,  como indígenas e quilombolas”, destaca. “Vale destacar,  por exemplo, o fato da constituição garantir às comunidades quilombolas o direito à propriedade e demarcação de suas terras. Até hoje, porém,  poucas dessas terras foram demarcadas. Além de vários conflitos agrários e invasões de terras indígenas mostrarem que a valorização e o reconhecimento das populações tradicionais também esbarram em interesses de determinados grupos econômicos.”

Geografia

Para os professores, as provas de ciências humanas trouxeram temas muito contemporâneos para as questões, muito atual. “A questão energética, abordando a energia solar, a agricultura familiar, campo como espaço subordinado à cidade, globalização, nova ordem mundial ao olhar para o crescimento da China, Amazônia e garimpo, Crimeia, e a fome, assunto que imaginávamos que caísse neste ano”, afirma Altieris Lima, professor de Geografia da Escola SEB.

“A relação da tecnologia com a sociedade, mostrando o desemprego estrutural, e outra sobre um aplicativo que incentiva as pessoas a andarem mais”, conta Rodrigo Magalhães, professor de geografia da Plataforma AZ de Aprendizagem. “O que eu destacaria que fazem relação a temas mais recentes, como a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, apesar de a temática ser Ucrânia, mais histórica, e uma charge que mostrava a dificuldade de acesso à tecnologia durante a pandemia. A mãe perguntava ao filho se estava estudando e ele responde ter dificuldade em acessar o wi-fi.”

Fonte: R7

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