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CASAIS COM PAZ E VIDA

A medicina já vem estudando e comprovando a importância da microbiota intestinal para a prevenção de doenças degenerativas e para a manutenção da saúde de forma geral.

As fibras são substâncias encontradas em alimentos de origem vegetal e que não são absorvidas pelo organismo durante a digestão. Seus benefícios vão além do bom funcionamento do intestino, passando pelo controle da glicemia e do colesterol, até aumentar a saciedade e diminuir a fome.

Porem, além disso tudo, recentemente, pesquisadores do Japão descobriram que as fibras solúveis são capazes de estimular o fortalecimento das boas bactérias no intestino, ajudando a reduzir o risco do surgimento de enfermidades, como a demência.

O estudo foi feito com mais de 3.500 adultos e publicado na revista científica Nutritional Neuroscience, e mostrou que os adultos que consumiam mais fibras, particularmente as fibras solúveis, eram menos propensos a desenvolver demência, comprovando que existe uma interação entre intestino e cérebro.

O estudo aponta que, embora o risco de desenvolver demência, incluindo a doença de Alzheimer, possa ser influenciado pela genética, a alimentação pode ter um importante papel de prevenção. Vale lembrar que o Alzheimer atinge quase 35 milhões de pessoas no mundo. Projeções indicam que uma em cada 85 pessoas serão afetadas pela doença em 2050.

O Japão tem grande histórico de pesquisas sobre os hábitos alimentares de sua população. E segundo alguns desses estudos, um dos maiores fatores de risco genético para a demência se encontra no gene da apolipoproteína E (APOE), que atua no metabolismo dos lipídeos, levando o colesterol pelas células. As fibras conseguiriam reduzir este risco, justamente por serem capazes de “varrer” o excesso de colesterol, reduzindo sua absorção pelo nosso organismo. Esse é o papel das fibras solúveis.

Esse tipo de fibra, é assim chamado porque literalmente se dissolve na água e se transforma em uma espécie de gel, que além de “ir pegando” pelo caminho o excesso de colesterol, também vai trazendo glicose, e ajudando a manter os níveis de açúcar no sangue. Entre outras funções, a fibra solúvel também mantém os níveis de minerais adequados e aumenta o tempo de absorção dos nutrientes no intestino delgado, o que auxilia na maior produção de bactérias boas e no aumento do volume fecal, e por consequência, na eliminação dos resíduos e excessos. Todo esse processo também ajuda a manter a saciedade por mais tempo, já que o esvaziamento gástrico se faz de forma mais demorada. Esse tipo de fibra pode ser encontrada em alimentos como verduras, legumes, frutas e frutos, e alimentos que contem aveia, centeio e cevada.

Outro tipo de fibra que existe é a insolúvel, ou seja, que não dissolve na água. Por isso, elas passam mais rapidamente pelo intestino. É como se ela fosse correndo enquanto as solúveis fossem andando, e na correria, ela leva o bolo fecal mais rápido, ajudando-o a atravessar o longo caminho pelo intestino de forma bem mais eficiente, evitando a prisão de ventre e o câncer de cólon, por exemplo. Essas fibras podem ser encontradas no farelo de trigo, arroz integral, feijão e cereais matinais integrais, e também em algumas frutas como pera, ameixa com casca, laranja e tangerina.

De volta ao estudo japonês, a associação de fibras e demência ainda traz pontos a serem elucidados, mas uma grande possibilidade pode estar na explicação de que a fibra solúvel, através da regulação da composição das bactérias intestinais possa afetar, de forma positiva, a neuroinflamação, que desempenha um papel no início da demência.

Assim como tudo na vida, o equilíbrio é fundamental, e apesar de serem ótimas, as fibras também não devem ser consumidas em excesso. Recomenda-se 14 gramas de fibras a cada 1.000 calorias consumidas por dia. Infelizmente, ainda estamos longe de sofrer por excesso desse consumo, mas sim, pela falta.

Fonte: O Globo

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