ANDAR COM DEUS

E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais,
porquanto Deus para si o tomou. Gn 5:24

A Bíblia informa que Enoque começou a andar com Deus, depois que gerou a Matusalém aos 65 anos (Gn 5:22). Então, após ter sido pai, é que nele despertou o sentimento do que Deus é o Pai da humanidade. O capítulo 5 de Gênesis apresenta uma lista de vários patriarcas. Começa com Adão, depois Sete, Enos, Quenã, Maalaléu, Jarede, e chega ao sétimo deles que é Enoque, que excedeu a todos os anteriores em procedimento virtuoso. E a Bíblia afirma que ele alcançou testemunho que agradara a Deus.

A pergunta é: o que foi que Ele descobriu para relacionar-se tão intimamente com Deus? Nós precisamos saber para imitá-lo. A Palavra não diz que Enoque vivia com Deus, mas que andava com Deus. Andar com Deus é Tê-LO diante de nós e à nossa frente; é conhecer Seus desejos, e não andar na frente d’Ele. Andar junto requer afeição e amor. Podemos supor que Adão tenha falado com Enoque sobre suas lembranças do Paraíso! É significativo que Enoque tenha sido chamado o “sétimo depois de Adão”, pois esse é o número perfeito da divindade. Daí porque Deus o levou para Si, significa que ele não morreu como os demais homens.

Leiamos Gn 5:18-24:

“18  E viveu Jarede cento e sessenta e dois anos, e gerou a Enoque. 19  E viveu Jarede, depois que gerou a Enoque, oitocentos anos, e gerou filhos e filhas. 20  E foram todos os dias de Jarede novecentos e sessenta e dois anos, e morreu. 21 E viveu Enoque sessenta e cinco anos, e gerou a Matusalém. 22  E andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos, e gerou filhos e filhas. 23  E foram todos os dias de Enoque trezentos e sessenta e cinco anos. 24  E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou”.

Andar junto requer acordo e entendimento, pois como diz Amós 3:3: “Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?”. Portanto, andar junto exige afeição e amor. Judas “14 Para estes profetizou também Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que veio o Senhor com os seus milhares santos; 15 Para executar juízo contra todos e condenar dentre eles todos os ímpios, por todas as suas obras de impiedade, que impiamente cometeram, e por todas as duras palavras que ímpios pecadores disseram contra ele. 16 Estes são murmuradores, queixosos da sua sorte, andando segundo as suas concupiscências, e cuja boca diz coisas mui arrogantes, admirando as pessoas por causa do interesse”.

Veja que o texto de Judas informa que Enoque profetizou coisas importantes e íntimas de Deus, somente revelada a amigos íntimos. E o texto deixa claro que Enoque era profeta, isto é, aquele que recebe uma informação de Deus antes de todo mundo, e também mostra que profetizara da segunda vinda de Cristo, e se o fez, foi porque certamente conheceu a primeira! Hebreus 11:5: “Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte, e não foi achado, porque Deus o trasladara; visto como antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus”. Enoque profetizou sobre a vinda do SENHOR, com milhares de seus santos, para fazer juízo contra todos os ímpios por todas as palavras duras que eles disseram contra o Senhor Jesus.  É possível viver e caminhar com Deus em meio a tamanha decadência moral nos dias de hoje? O testemunho de Enoque mostra que é totalmente possível. Enoque também viveu em meio à sociedade corrompida, mas provou que é possível ter vida com Deus em qualquer circunstância.

O homem foi feito do barro e a natureza de Deus é espírito, e a vocação do homem é revelar através da sua humanidade a glória de Deus. Aqui está a felicidade mais profunda que é viver para agradar a Deus. A palavra hebraica traduzida por andar significa “caminhar habitualmente”. Enoque teve relacionamento íntimo com Deus todos os dias, por 300 anos (3 séculos), ele tinha um profundo respeito e reconhecimento da majestade de Deus a ponto de ser arrebatado e permanecer para sempre na presença de Deus. Isso mostra que a glória de Deus se revela em vasos de barro, ou seja, a natureza humana de Enoque não era impedimento para andar com Deus. A felicidade mais profunda se consegue andando com Deus para agradar-Lhe. Assim, a vida humana que agrada a Deus adquire dimensão transcendental, vale dizer, a vida de Enoque não era mais dele e sim de Deus.

Enoque nos mostra que a oração traz crescimento espiritual e maturidade contínua e progressiva na fé. A vida pode parecer difícil, mas Deus é bom e misericordioso. Pode parecer imprevisível, mas Deus é soberano, pode parecer injusta, mas Deus é justo e amoroso. Pode parecer temporária, mas Deus é eterno.

Daí porque precisamos contar a Deus tudo o que está em nosso coração: as dificuldades que enfrentamos no dia a dia, para que Ele nos conforte; falar sobre as ambições para que Ele nos purifique; mencionar os fatos que Lhe desagrada para que Ele nos ajude a vencê-los; expor as tentações para que Ele nos proteja e nos livre. É preciso, pois, abrir o coração para Deus rogando que Ele nos cure de todo sentimento contrário à vida afim de que possamos manter o propósito correto que faz toda a diferença! A oração coloca a vida humana na perspectiva certa porque a oração é um ato de amor e comunhão com Deus, é o momento certo em que o Espírito Santo nos ajuda a vencer todas as tribulações desta vida terrena.

Por Valdely Cardoso Brito

SETE PRINCÍPIOS PARA O CRESCIMENTO ESPIRITUAL

  1. APRENDA A ESQUECER

“Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus”(Fp 3.13-14).

Os pecados confessados devem ser deixados para trás. Não devemos permitir que o Inimigo nos acuse. Isaías 43.25, lemos que o Senhor apaga nossas transgressões e não se lembra de nossos pecados: “Sou em mesmo, aquele que apago as suas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro”.

Esquecer as próprias falhas significa se perdoar. Se houve o perdão ao próximo, deverá haver também o esquecimento. Quem diz que perdoou e se lembra das falhas cometidas objeto do perdão, é porque não perdoou.

  1. APRENDA A PERDOAR

Perdão não existe na natureza. Jesus o trouxe até nós. Praticar o perdão é estar sob a graça de Deus. A liberação do perdão mantém a saúde física e espiritual. Porque fomos perdoados devemos perdoar. Jesus ensinou: “Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores” (Mt 6.12).

Se nunca praticar o perdão, e esconder num cantinho do coração as mágoas e ressentimentos, um peso impedirá de crescer espiritualmente e haverá um bloqueio crescente para a prática do crescimento espiritual na Obra de Deus.

  1. PRATIQUE A ORAÇÃO

Todo crescimento espiritual é conquistado com a prática constante da oração, leitura e estudo da Palavra de Deus. “Muita oração, muito poder, pouca oração pouco poder e nenhuma oração nenhum poder”.  É preciso manter a comunhão diária com Deus onde quer que estejamos.

Tg 4.2-3 nos adverte: “Cobiçais, e nada tendes; matais, e sois invejosos, e nada podeis alcançar; combateis e guerreais, e nada tendes, porque não pedis. Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”.

  1. CREIA

Marcos 11.24 diz que tudo quanto pedimos em oração, crendo que receberemos, assim será conosco. Hb 11.6 diz: “Ora, sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem d’Ele se aproxima precisa crer que Ele existe, e que é galardoador dos que o buscam”. Se buscarmos com fé Ele nos atenderá. Lembrando que a fé vem pelo ouvir e pela leitura da Palavra de Deus. A fé igual a de Tomé não é fé. A fé verdadeira é igual a fé de Abraão. Crescer espiritualmente requer crescer em fé, em experiências com Deus, em obediência aos 10 mandamentos, em permitir que Ele nos guie pelo Espírito Santo.

  1. APRENDA A ADORAR

“Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (Jo 4.23).

“E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito; Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração; Dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo; Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus” (Ef 5.18-21). O cristão é santuário de Deus e cresce ao viver em plena comunhão com Ele. Dar graças em tudo fortalece. Adoração implica em leitura diária da Palavra, louvar a Deus com cânticos e orações.

  1. APRENDA A TESTEMUNHAR

Lembre-se que somos testemunhas de Jesus Cristo (At 1.8). Aproveite todas as oportunidades para testemunhar sobre o que Deus fez em sua vida, e veja sua vida espiritual crescer em ousadia e comprometimento com Jesus e com Seu Reino.

  1. APRENDA A DAR

“Dêem, e lhes será dado: uma boa medida, calcada, sacudida e transbordante será dada a vocês. Pois a medida que usarem também será usada para medir vocês” (Lc 6.38). “Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear isso também colherá. Quem semeia para a sua carne, da carne colherá destruição, mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna. E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos. Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé” (Gl 6.7-10). É preciso, pois, semear na Obra do SENHOR com dízimos e ofertas, em amor.

Por Valdely Cardoso Brito

TERMINANDO BEM A CORRIDA CRISTÃ

“Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto
que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus,
para dar testemunho do evangelho da graça de Deus”. (Atos 20:24)

Seis personagens ilustram bem o conteúdo dessa mensagem:

  1. LÚCIFER – Começou bem como anjo de luz, responsável pelo culto de adoração a Deus, mas quis ocupar o lugar de Deus e foi transformado no rei das trevas: Satanás, e então foi expulso do Céu para a terra.
  1. ADÃO – Teve tudo o que um ser humano pode desejar: lugar aprazível para morar, com diversidade de frutos e uma linda mulher para lhe fazer companhia, e ainda, ao fim do dia contava com a presença de Deus que vinha todas as tardes conversar com ele. Porém, Adão negligenciou sua responsabilidade de dominar como cabeça da casa. Começou bem dentro de um jardim, mas negligenciou sua responsabilidade e se deixou levar pelos argumentos da Eva que já havia sido dominada pelo Diabo disfarçado de serpente, e perdeu a bênção de permanecer no Paraíso criado por Deus para que ali vivessem felizes.
  1. SAUL – Começou muito bem como rei de Israel, mas terminou mal tirando sua própria vida.
  1. JUDAS – Começou bem como discípulo de Jesus, mas terminou como servo de Satanás traindo a Jesus, apontando-O aos inimigos com um beijo na face do Mestre, e após sua consciência o levou ao suicídio.
  1. PAULO – um homem erudito que se preparou na doutrina da Palavra aos pés de Gamaliel. Muito inteligente, porém, focou suas ações na prática do mal, matando o servo evangelista Filipe que pregava a Palavra, ganhando vidas para Jesus. Porém, após o encontro inesperado com Jesus, ele foi transformado no apóstolo Paulo e terminou muito bem.
  1. E todos os cristãos da atualidade.

A Bíblia diz que aquele que faz a vontade de Deus e que se apega a fazê-la, permanece para sempre. Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados. E fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja não se desvie inteiramente, antes seja sarado. Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor. Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem. E ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura, porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a benção, foi rejeitado, porque não achou lugar no arrependimento, ainda que com lágrimas buscasse.

Por Valdely Cardoso Brito

FRUTO DO ESPÍRITO

“Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.” (Gl 5:22)

Fruto é o produto certo da vida saudável da árvore. Diz a Palavra no Salmo 92.12, 13, 14 que: “Os justos florescerão como a palmeira, crescerão como o cedro no Líbano. Estão plantados na casa do Senhor, florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos, serão viçosos e florescentes.”

O Fruto do Espírito compreende nove itens que vem arrolado em Gl 5.22, conforme segue:

  1. AMOR → é o amor desinteressado que o ser humano pode manifestar pelo próximo, porquanto tem origem no “amor de Deus que está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Gl 5.5).

Antes de prosseguir com os frutos veremos os tipos de amor:

“Eros” → é a palavra usada para descrever o amor entre os sexos masculino e feminino, portanto, descreve o amor físico dos seres humanos, do sexo masculino e feminino o qual deve produzir satisfação própria.

“Filia” → é o amor secular que expressa um relacionamento terno e carinhoso. Envolve o lado físico do amor: abraçar, cariciar. Pode ser amor de amizade. O amor filia pode murchar no sentido de que a amizade pode acabar (Jo 5.20; Mt 26.48 =  beijo de Judas). Perceba a sequência, Jesus o chama de amigo.

“Storge” → Rm 1.31; 2Tm 3.3 “sem afeição natural” = desafeiçoado.

É a palavra que descreve o amor do lar, dos pais para com os filhos e destes para com os pais, entre irmãos e parentes em geral. No final dos tempos teremos falta desse amor.

“Ágape” → nasce no meio da religião cristã. Descreve a entrega de alguém à pessoa amada. Está preocupado com o “sumo bem das pessoas”. Eu faço qualquer coisa para fazer alguém feliz. Amar é dar. Foi o que Deus fez. Ele deu seu Filho Jesus em sacrifício por nós.

  1. Alegria → é o verbo usado 72 vezes no N. T. e 60 no A. T. A vida cristã é uma vida de alegria que abrange a satisfação, o contentamento, porque é bem aventurança que vem de Deus.
  2. PAZ → é a tradução da palavra SHALON em hebraico. Não expressa apenas o desejo passivo de que a vida esteja sem problema. Paz é igual a bênção para a pessoa, abençoar a pessoa. Essa é a paz em nós.

>Rm 5.1 = Paz com Deus

>Fp  4.7 = Paz de Deus                Pode ser paz e amor (erene + ágape)

>Jo 14.27 = Paz de Jesus

  1. LONGANIMIDADE → É paciência parecida com a de Jó, de longo ânimo. De grande boa vontade para com as pessoas. Descreve a paciência de Deus que aguarda como o pai do filho pródigo. Ao contrário da impaciência que em pouco tampo age com ira destrutiva.
  2. BENIGNIDADE → é a ternura, gentileza, doçura de gênio → cavalheirismo (amor filia) considerai-vos uns aos outros. Descreve a qualidade do coração e da emoção que vem do interior.
  3. BONDADE → é a qualidade de agir com benevolência. Prática com o próximo.
  4. FIDELIDADE→ é uma virtude ética, enfatiza mais o relacionamento conosco mesmo do que com o próximo ou com Deus. Descreve um traço do nosso caráter e pode ser definida como confiabilidade, fidedignidade e credibilidade. Significa termos uma vida confiável de credibilidade.
  5. MANSIDÃO → descreve uma vida de força, mas ao mesmo tempo de suavidade é a humildade e tolerância, é a entrega dos meus direitos aos Sanhor. Platão diz que mansidão: “descreve o cão de guarda, que revela hostilidade valente aos estranhos e amizade gentil para com os da casa aos quais conhece e ama”. Se alguém me rouba um carro o problema é de Jesus e não meu. Ou se alguém é agressivo ou briguento comigo, esse alguém prestará contas a Jesus.
  6. DOMÍNIO PRÓPRIO → é a nossa vitória sobre o desejo. É o ser humano que se esforça para vencer e em tudo se domina. Os desejos procuram desviar-nos do caminho, da razão, mas quem tem o domínio próprio os mantém controlados. Ex. na área dos prazeres: alimentação, sexo, preguiça, ociosidade, vícios. O não controle causa a desgraça do ser humano. A pessoa controlada pelo Espírito Santo tem domínio próprio. Em Tito 1.9: “retendo firme e fiel palavra, que é conforme a doutrina para que seja poderoso, tanto para admoestar com sã doutrina como para convencer os contradizentes”. Qualidades que o homem e a mulher de Deus devem ter.

(1 Co 9.25: “Todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível”).

Por Valdely Cardoso Brito

INTERCESSÃO E SUA IMPORTÂNCIA

“E vendo que ninguém havia, maravilhou-se de que não
houvesse um intercessor; por isso o seu próprio braço lhe trouxe a salvação,
e a sua própria justiça o susteve” (Is 59:16).

A intercessão é tão importante, que DEUS quando vai fazer algo que influencie o quotidiano do ser humano, Ele primeiro lugar fala aos seus servos na terra para que estes intercedam para que aconteça caso seja bom, ou para que não aconteça, caso seja mau (2 Rs 24.2; Jr 25.4;) Amós 3.7: “Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas”.

Exemplos: Quando DEUS quis destruir Sodoma e Gomorra primeiro falou com Abraão (Gn 18.17), e, quando DEUS quis destruir o povo hebreu, primeiro falou com Moisés (Ex 32.9,10), e também, quando Deus quis enviar libertação do cativeiro primeiro falou com Daniel (Dn 9.2), E ainda, quando quis castigar o povo de Israel primeiro falou com seus profetas (Jr 7.25; 11.7; Jr 25.4; 26.5; 29.19; 35.15; 44.4). E principalmente, quando quis mandar o Salvador, primeiro falou com os profetas (Dt 18.15; At 28.25; Hb 1.1, 2). Note que ao pensar em destruir Sodoma e Gomorra, DEUS não se lembrou de Ló e sua família, mas de Abraão, porque Abraão era um Intercessor (Gn 19.29).

Busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro e estivesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei, para interceder, ou seja, desde que estejamos prontos para orar todos os dias em favor daqueles que precisam de nossas orações.

Moisés se colocou repetidamente na brecha entre Deus e o pecado de Israel, ao prostrar-se diante do Senhor. Há diversas referências bíblicas que mostram Moisés intercedendo a Deus para que perdoasse e não destruísse a nação (Êx 32.11-13, 31-32; Nm 11.2; 12.13; 14.5-20; 16.4, 22, 45; 20.6; 21.7).

Quando alguém da família: um filho, ou filha, ou mãe, ou pai, ou marido, ou esposa, ou parente, ou amigo, ou conhecido, qualquer pessoa que estiver em perigo, DEUS recorrerá aos intercessores para orar, isso se nós estivermos ali na brecha (Ez 22.30). É por isso que às vezes cai um avião, ou acontece outra catástrofe e uma só pessoa escapa, porque havia um intercessor orando por ela.

Observando os relatos bíblicos sobre as experiências de intercessão e as circunstâncias em que ocorreram, vemos que ela foi praticada sob duas formas de motivação possíveis: (1) por determinação direta da parte de Deus, indicando o intercessor, a causa da intercessão e o beneficiário; (2) por iniciativa e desejo espontâneo do intercessor, que se compadeceu de alguém necessitado. Nessas situações encontramos evidências de que Deus se agrada da intercessão e atende as petições: Em Gn 18, encontramos Abraão intercedendo pelo povo de Sodoma e Gomorra. Tendo sido avisado pelo Senhor, que não ocultou de seu servo a destruição que estava por vir às duas cidades, Abraão se pôs a interceder em favor dos justos que ali viviam. Em Sodoma estava o seu sobrinho, Ló, com sua família. Então, Ló e sua família foram retirados para não serem destruídos juntamente com os ímpios. Pena que Abraão não intercedeu pela sétima vez, pois certamente Deus o atenderia e não destruiria as cidades.

O resultado está em Gn 19 e nós conhecemos: dois anjos foram à Sodoma, deram aviso a Ló do que estava para acontecer e o retiraram dali, com sua família, antes de darem início à destruição da cidade.

No cap. 20, mais uma vez Abraão intercede por alguém e, desta vez, por Abimeleque, rei de Gerar, ainda que tenha sido ele próprio o causador da situação que atingiu a casa do rei, por ter ocultado que Sara era sua mulher. Porém, sendo homem de Deus ele orou por Abimeleque e Deus atendeu à sua oração.

De igual modo, Moisés intercedeu pelo povo quando do pecado contra o Senhor, ao fazerem o bezerro de ouro. Moisés disse ao povo: “Vós pecastes grande pecado; agora, porém, subirei ao Senhor; porventura farei propiciação por vosso pecado.” (Êx 32.30).

À semelhança de Moisés, fez Samuel. Numa situação de pecado do povo, Samuel exorta os filhos de Israel ao arrependimento e depois diz: “Congregai todo o Israel em Mispá, e orarei por vós ao Senhor” (I Sm 7.5).

Até aqui, vimos alguns exemplos em que a intercessão se deu por iniciativa do intercessor, sendo recebida e atendida por Deus. Porém, ainda com Samuel, encontramos um exemplo em que o povo suplica ao profeta que ore por eles, também em consequência a uma situação de pecado. Em 1 Sm 12.19 lemos: “E todo o povo disse a Samuel: Roga pelos teus servos ao Senhor, teu Deus, para que não venhamos a morrer; porque a todos os nossos pecados temos acrescentado este mal, de pedirmos para nós um rei”. Mais uma vez Samuel os exorta e orienta e, depois, responde: “E quanto a mim, longe de mim que eu peque contra o Senhor, deixando de orar por vós; antes, vos ensinarei o caminho bom e direito.” (v.23).

Ainda no Antigo Testamento, encontramos outro exemplo, sendo que, desta vez, foi Deus quem determinou a intercessão. Aconteceu com Jó em relação aos seus amigos. Depois de repreender os três amigos de Jó, o Senhor diz: “e, ide ao meu servo Jó, e o meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele aceitarei, para que eu vos não trate segundo a vossa loucura…” (Jó 42:8). Eles assim o fizeram e o texto diz: “e o Senhor aceitou a face de Jó” (v.9).

Indo ao Novo Testamento, vamos encontrar a intercessão praticada por servos de Deus, individualmente, e pela Igreja do Senhor Jesus, coletivamente.

Em certa ocasião, Pedro foi chamado para orar por Dorcas que, tendo adoecido veio a falecer. Ele acompanhou os que vieram buscá-lo, orou por ela, e o Senhor operou o milagre da ressurreição, trazendo Dorcas de volta à vida (At 9.36-40).

Porém, numa outra ocasião, Pedro que tão bem experimentara a tarefa espiritual de intercessor, encontrou-se na posição de necessitado, estando preso por ordem de Herodes que estava perseguindo e maltratando a alguns da Igreja. Diante da situação, a Igreja, coletivamente, se pôs a interceder por ele. Era a sua vez de receber os benefícios da intercessão. O anjo do Senhor foi à prisão e o libertou de forma sobrenatural.

O apóstolo Paulo muito fala sobre a intercessão em suas cartas, mencionando as orações feitas por ele em favor dos crentes e da Igreja, ao mesmo tempo em que pede as orações em seu favor. Mas, o maior de todos os exemplos de intercessor: é Jesus que intercede em Jo 17, a favor de seus discípulos.

Intercedendo por nós, o nosso Salvador e Mestre não apenas nos deu um exemplo a seguir, mas também nos ensinou que a intercessão é o meio espiritual de combatermos o mal em todas as suas esferas. Por meio da intercessão, graves problemas são solucionados e, até mesmo, evitados, quando nos antecipamos em interceder. Em resposta às orações intercessórias, Deus põe em ação a sua graça que concede perdão ao pecador, cura o enfermo, conforta o aflito, dá livramento ao que está em perigo, encaminha o errante, levanta o caído, faz justiça ao oprimido, supre as necessidades humanas. Por isso, a intercessão muito incomoda a Satanás, que procura criar todo tipo de obstáculo ao trabalho intercessório. Ele conhece a Palavra de Deus e sabe que “a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” (Tg 5.16). Contudo, nós bem sabemos que: “maior é o que está em nós do que o que está no mundo” (1 Jo 4.4).

Observando atentamente esses exemplos, aprendemos, ainda, que a intercessão é uma forma de levarmos as cargas uns dos outros, cumprindo, assim, a exortação de Gl 6.2. Por isso, a exortação e o dever são para todos os cristãos. Entretanto, alguns recebem o convite especial do Espírito Santo para se dedicarem a intercessão como um abençoado ministério!

Por Valdely Cardoso Brito

A VERDADE

“E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8:32).

Norman Geisler escrevendo sobre a verdade, afirma:

1) A verdade é descoberta e não inventada. Ela existe independentemente do conhecimento que uma pessoa tenha dela. Por exemplo, a lei da gravidade já existia antes de Newton.

2) A verdade é transcultural. Se alguma coisa é verdadeira, então é verdadeira para todas as pessoas, em todos os lugares, em todas as épocas, como por exemplo, o resultado de 2+2.

3) A verdade é imutável, embora a nossa crença sobre ela possa mudar, como por exemplo, quando passamos a acreditar que a terra era redonda em vez de plana. A verdade sobre a terra não mudou. O que mudou foi a nossa crença sobre a terra. As crenças das pessoas não podem mudar a verdade.

4) Todas as verdades são verdades absolutas, embora pareçam relativas. A verdade permanece a mesma, o que é relativo é a nossa percepção dela.

O conceito de “verdade”

Filósofos da antiga Grécia debatiam a natureza da verdade. Eles discutiam se ela era real e absoluta, ou relativa e ilusória. Suas dúvidas podem ter sido refletidas numa questão de Pilatos: “Que é a verdade?” A resposta está num versículo do ensinamento de Jesus: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8:32). “Perguntou-lhe Pilatos: Que é a verdade? E dito isso, de novo saiu a ter com os judeus, e disse-lhes: “Não acho nele crime algum” (Jo 18:38). Como Pilatos poderia considerar Jesus inocente, se não sabia o que era a verdade? Pilatos podia não saber sobre a verdade, mas não podia desconhecer a existência dela, já que ele sabia que Jesus era inocente. Portanto, a sua pergunta não tem nenhum sentido.

O conceito de verdade tem estreita relação com o de fidelidade (Sl 25:4-5,10). A verdade é de extrema importância na relação do homem com Deus: É preciso conhecer a verdade (Jo 8:32); obedecer a verdade (1 Pd 1:22); adorar em verdade (Jo 4:24); andar em verdade (2 Jo 4); amar com a verdade (Ef 6:14) e amar a verdade (2Ts 2:10). Aqueles que se desviam da Verdade estão perdidos (Tg 5:19). Aqueles que não andam segundo a Verdade serão repreendidos por Deus (Rm 1:25); aqueles que não estão com a Verdade seguem seu pai o Diabo (Jo 8:44). Jesus orou ao Pai: Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade (Jo 17:17).

“A verdade”

Jesus fala sobre a verdade como algo exato e objetivo. Em outra parte Ele nos fala que a verdade é a palavra de Deus revelada. Quando ele falou com seu Pai (João 17:17), Ele disse: “Tua palavra é a verdade”. Quando Jesus falou sobre a verdade, Ele não estava fazendo abstração resultante de um intenso pensamento humano, meditação, lógica ou de um debate. Ele não definiu a verdade em termos subjetivos como uma coisa qualquer que as pessoas escolheriam acreditar. Jesus definiu a verdade como uma revelação eterna! A palavra de Deus é verdadeira independente do fato de haver concordância com isso, de aceitar e de obedecer, ou rejeitar e contestar.

No Novo Testamento, em 2 Tm 3:16-17, o apóstolo Paulo disse: “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”. Ele também disse que seu ensino não tinha palavras de sabedoria humana, e sim palavras reveladas pelo Espírito Santo (cf. 1Co 2:9). O Apóstolo Paulo disse também em 2 Tm 3:16-17: “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; 7Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra”. E o Apóstolo Paulo também ensinou que não tinha palavras de sabedoria humana, e sim palavras reveladas pelo Espírito de Deus (1 Co 2:9-13). O Salmo 119:89 diz claramente: “Para sempre, ó Senhor, está firmada a tua Palavra no céu”. E o Sl 33:4: “As palavras do Senhor são verdadeiras; tudo o que Ele faz merece confiança”.

Deus revelou a verdade como certa e absoluta. Ele não aprova distorções ou modificações das Escrituras para que se ajustem aos caprichos humanos. Significa que todos devem escolher como responder a esta revelação de Deus para obedecê-la ou rejeitá-la, aceitar tudo o que Deus disse, ou somente partes do que foi dito. Aproximadamente três mil anos atrás o escritor de Salmos disse: “Para sempre, ó Senhor, está firmada a tua palavra no céu” (Sl 119:89). “O temor do Senhor é bom e dura para sempre. Os seus julgamentos são justos e sempre se baseiam na verdade” (Sl 19:9). “As palavras do Senhor são verdadeiras; tudo o que Ele faz merece confiança” (Sl 33:4).

“Conhecereis”

Existem 4 formas de se adquirir conhecimento:

1) empírico ou prático das coisas;

2) filosófico gerado pela dúvida e especulações sobre alguma coisa;

3) Científico – que aprimora com pesquisa o conhecimento prático

4) Teológico –

  1. a) busca o conhecimento através do intelecto ex: Dn 9:2; 2 Tm 4:13:“No primeiro anos do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número dos anos, de que falara o Senhor ao profeta Jeremias, em que haviam de cumprir-se as desolações de Jerusalém, era de 70 anos”. 2Tm 4:13: “Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos”.
  2. b) busca do conhecimento de maneira transcendente: Daniel orou 21 dias e recebeu a revelação divina: Dn 10:12-14; Paulo 2 Co 12:7. Jesus não mostra a verdade como um objetivo ilusório e inatingível. Ele diz: “Conhecereis a verdade”, Jesus ensinou que podemos e devemos conhecer a verdade. Podemos conhecer a verdade hoje do mesmo jeito que o povo de Beréia fez no primeiro século: Eles procuraram por elas, examinando a cada dia nas Escrituras (cf. Atos 17:11). Podemos distinguir o certo do errado. O apóstolo Paulo instruiu os tessalonicenses: “julgai todas as coisas, retende o que é bom; abstende-vos de toda forma de mal” (1Ts 5:21-22).

 Jesus aceitou as histórias do Antigo Testamento como sendo verdadeiras, como a existência dos patriarcas (Mt 22:32; Jo 8:56), o chamado de Moisés perante a sarça ardente (Mc 12:26), a visita da rainha de Sabá a Salomão (Lc 11:31), o ministério de Jonas (Lc 11:30), o assassinato de Abel e Zacarias (Mt 232:35), o fato de Davi comer os pães da proposição (Mt 12:3), Noé e o dilúvio (Lc 17:26s), Ló e a destruição de Sodoma (Lc 17: 28); o juízo de Tiro e Sidom (Mt 11:21s); e o ministério de Elias e Eliseu (Lc 4:26s). E ainda aceitou os milagres registrados (Jo 3:14). Jesus aceitou as profecias do AT (Mt 11:10; Mc 7:6). Ele aceitou a ética do Antigo Testamento como normativa (Mt 5:17; 19:3-6; Mc 10:19). Declarou que as Escrituras do AT tinham como propósito revelá-Lo (Lc 24:46; Jo 5:39, 45). Não é de se surpreender, portanto, que se manifestassem quem não acreditava nelas (Mt 22:29s; Lc 24:25), ou quem lhe tirava a autoridade divina, apelando para as tradições humanas (Mt 15:3). Assim, Jesus aceitou a autoridade das Escrituras Sagradas e em nenhum momento enfatizou sua autoridade pessoal à das Escrituras. Ele aceitou a autoridade das Escrituras em duas questões centrais: seus ensinos e seus atos (Mt 12:3-5; 19:4s; Jo 10:35), e seu ministério messiânico (Mt 26:24, 53s; Lc 24:46).

O Novo Testamento diz que é possível saber a verdade. Em Hb 10:26, o escritor fala das pessoas que tinham “recebido o pleno conhecimento da verdade”. O apóstolo João falou com esse grupo de pessoas que receberam esse conhecimento da verdade (1 Jo 2:21: “Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade”). Paulo condenou aqueles que estão “sempre aprendendo, mas que jamais podem chegar ao conhecimento da verdade” (2 Tm 3:7). Por que receberam tão severa crítica? Porque eles fracassaram em aprender a verdade resistindo assim à Palavra de Deus. Eles não compreenderam a verdade porque assim não a quiseram (cf. 2 Tm 3:8). Nós podemos saber a verdade.

“…a verdade vos libertará”

A liberdade é valorizada universalmente. Inúmeras pessoas têm sacrificado suas vidas esforçando-se para assegurar sua própria liberdade sócio-política. Verdadeiramente, em todas as nações do mundo. o encarceramento é considerado como uma severa punição para aqueles que violam a lei. Tão valiosa  quanto a liberdade social e política, é a liberdade que Jesus nos fala em João 8:32. Esta liberdade é mais significativa porque o conhecimento da verdade contido na Palavra de Deus (Bíblia) conduz à retomada do vínculo espiritual e livra da eterna separação de Deus. Para isso, Jesus se ofereceu para libertar a humanidade das consequências da rebelião contra Deus.

O apóstolo Paulo diz em Rm 1:16: “… o Evangelho de Cristo é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego”. Deus escolheu o uso da Sua Palavra, que é verdadeira para salvar todo pecador. Deus, contudo, não força o ser humano a ser liberto. Infelizmente muitas pessoas rejeitam a liberdade que Deus oferece e permanecem presas em seus próprios pecados. Jesus usou as palavras do profeta Isaias, para descrever a triste condição daqueles que não aceitam a liberdade divina: “Porque o coração deste povo está endurecido, de mal grado ouviram com os ouvidos e fecharam os olhos; para não suceder que vejam com os olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam por mim curados” (Mt 13:15).

Deus uniu a salvação com a objetiva verdade da Sua Palavra. Quando nós aprendemos a obedecer à verdade revelada na Palavra de Deus, podemos estar certos da nossa salvação. João falou do nosso relacionamento com Deus quando ele disse: “Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu o conheço, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade” (1 Jo 2:3-4). Deus nos providenciou a Sua Palavra para que, com confiança e segurança possamos conhecer a verdade. O mesmo Deus que nos criou e nos deu a habilidade de comunicação deu também a habilidade para conhecermos, entendê-la e transmitir a sua vontade aos outros.

Num mundo cheio de dúvidas pelo grande número de religiões, nós podemos achar esperança nas palavras de Jesus: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará! Se, pois o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. Disse-lhes Jesus: Eu sou o caminho, A VERDADE e a vida, ninguém vem ao Pai, senão por mim” (Jo 8:32, 36; 14:6). A verdade é imutável: Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje e eternamente. (Hb 13:8).

Pilares da verdade: Dt 32:4 – Deus é a Verdade; Jo 14:6 – Jesus é a Verdade; Jo 14:17 – O Espírito Santo é a Verdade; Jo 17:17 – A Palavra é a verdade; Sl 119:151 – todos os mandamentos são verdades. A VERDADE É DEUS (Is 65:16: “Assim que aquele que se bendisser na terra, se bendirá no Deus da verdade; e aquele que jurar na terra, jurará pelo Deus da verdade; porque já estão esquecidas as angústias passadas, e estão escondidas dos meus olhos”).

Jesus é a Palavra de Deus que se tornou carne, o Filho unigênito do Pai, “cheio de graça e de verdade” (Jo 1:14). Tudo o que Jesus disse é a verdade porque falou da verdade que ouviu de Deus Pai (Jo 8:40). Prometeu a seus discípulos que enviaria o “Espírito da Verdade” (Jo 14:17; 15:26; 16:13) ele habitaria nos cristãos para sempre (Jo 14:16), testificaria de Jesus (Jo 15:26), guiaria os cristãos na verdade (Jo 16:13) e glorificaria o Senhor Jesus (Jo 26:14). Jesus disse: “Eu sou o caminho a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14:6) Jesus e a revelação dada pelo Espírito da Verdade por meio de seus apóstolos são a última e final revelação e definição da verdade sobre Deus, seu povo, a redenção, a história e o mundo. “Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (Jo 1: 17).

Diz o Salmo 119:142: “A tua justiça é uma justiça eterna e a tua lei é a própria verdade”; “…Todos os teus mandamentos são a verdade” (Sl 119:151) e “as tuas palavras são em tudo verdade” (Sl 119:160). Em virtude de sua pureza e vontade perfeitas, Deus não pode mentir, só pode falar e agir em verdade e Sua verdade vai sempre reinar. Veja mais: Hb 6:18; Tg 1:17-18).                                                                                      Por Valdely Cardoso Brito

 

 

O MEDO

“No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor;
porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor” (1 Jo 4.18).

A palavra medo vem do grego, “phobos”, de onde surge o termo fobia. Se o medo for intenso ou forte, vai afetar a compreensão da realidade e certamente levará a pessoa que sente medo a se atrapalhar em seus sentimentos, porque não conseguirá discernir sua própria realidade de maneira correta.

O apóstolo João orou por saúde física e mental em 3 Jo 2. A saúde mental vem da saúde espiritual. “Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor e moderação” (2Tm 1.7).

Pensamentos envenenados pelo medo contaminam o corpo, a mente e a alma. Foi o que aconteceu com Jó, como ele mesmo afirmou: “Porque aquilo que eu temia me sobreveio; e o que receava me aconteceu” (Jó 3.26). Ele ainda acrescenta que: “Nunca estive tranquilo, nem sosseguei, nem repousei, mas veio sobre mim a perturbação” (Jó 3.26).

O medo atrai a desconfiança de situações e de pessoas e mobiliza a mente para a defesa e o ataque. Isso acontece porque todos os seres humanos já cometeram faltas e tem registros de culpas e reflexo de medo na consciência. Esse é o momento de apelar para o discernimento espiritual, ou seja, não é necessário ficar prisioneiro desses sentimentos negativos. A beleza e a novidade do texto bíblico é que ele nos mostra que temos um Pai amoroso e pronto a nos abraçar quando diz: “venha sem medo: não há mais culpa para quem está em Cristo”.

Quem procura falta em nós é Satanás para nos fazer mal e acusar. Mas nosso Deus é Emanuel, Deus conosco, que prefere o amor livre e voluntário para termos um relacionamento feliz. Jesus resumiu os Dez Mandamentos em dois:  “E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22.37-39).

A pessoa que segue o mandamento de amor explicado por Jesus estará pronto para vencer: “Digo isso para que, por estarem unidos comigo, vocês tenham paz. No mundo tereis aflição (sofrimento), mas tenham coragem. Eu venci o mundo” (Jo 16.33). Portanto, obedecer a Deus, amar a Deus, amar aos irmãos, tudo se completa e se iguala no amor.

A fé em Cristo e em Deus dá sentido a vida, criando saúde psíquica e espiritual e traz a paz em meio as lutas da vida. O amor de Deus nos ensina que a verdadeira vida está na fé em Jesus e na prática do amor.

Jesus disse: Buscai antes o Reino de Deus, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.  Não “temais, ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino” (Lc 12.31 e 32). Assim, se servirmos a Deus com inteireza de coração, nada temeremos. Se amarmos a Deus de todo o coração para colocá-lO em primeiro lugar em nossa vida, não precisamos ter medo de nada, porque estaremos em sintonia com o perfeito amor de Deus. É o que ensina o apóstolo João: “o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor “(1 Jo 4.18b).

Por Valdely Cardoso Brito

 

A PATERNIDADE DE DEUS

“Mas agora, ó SENHOR, tu és nosso Pai; nós barro e tu o nosso oleiro; e todos nós a obra das tuas mãos” (Is 64:8).
Tu és nosso Pai, ainda que Abraão não nos conhece, e Israel não nos reconhece; tu, ó SENHOR, és nosso Pai;
nosso Redentor desde a antiguidade é o teu nome (Is 63:16)”.

 Na Bíblia, Deus se revela como Criador, Ele assume essa função e age como tal. E o homem é apresentado como criatura, feita à imagem e semelhança de Deus. O pecado é o agente destruidor dessa imagem, e Jesus Cristo é o Recriador, que faz do homem convertido uma nova criatura. Mas, Deus também se revela como Juiz e exerce essa função, mostrando que o homem é jurisdicionado às Suas Leis, e que o pecado é a transgressão da Lei, e que Jesus Cristo é o Réu, Advogado, Supremo Juiz, Sumo-Sacerdote, Rei, Senhor e Pastor.

Várias passagens das Escrituras falam de Deus como o Pai de Israel, Pai de Cristo, Pai dos anjos, e do homem. E como Criador deles (Jó 1:6; 2:1; 38:7). Deus criou a nação de Israel (Dt 32:6 e Ml 32:10) cuidou dela estabelecendo um relacionamento especial, e esse cuidado de Deus por Israel mostra que esse povo primogênito de Deus possui posição privilegiada (Êx 4:22; Jr 31:9), e tem grandes promessas (Jr 2:19). Por tal privilégio, Israel deveria honrar e servir a Deus (Êx 4:23 e Ml 1:6), porque, Deus sustenta Israel e a faz crescer cotidianamente (Jr 3:19; Sl 103:13; Pv 3:12; Dt 14:1; 2 Sm 7:14; Os 11:1; 2 Sm 7:14; Sl 2:7, 89:26; Dt. 1:31; 8:5). Porém, Deus requeria como resposta um amor filial, expressado por obediência (Ml 1:6) e visto que esse amor era com frequência recusado pelo seu povo escolhido, então surgiu o conceito da paternidade de Deus mais abrangente: Pai da nação como um todo (Sl 103:13; Ml 3:17), e foi confirmado pelos ensinos de Jesus.

O número de ocorrências da palavra “Pai” aplicada a Deus nos evangelhos é mais que o dobro dos demais livros do Novo Testamento. Só no Evangelho de João há 107 ocorrências. Jesus tinha consciência de estar num relacionamento íntimo sem paralelo com o Pai. Ele declarava ser o Filho preexistente eterno, co-igual ao Pai, que se encarnou para cumprir o propósito de salvação, tendo sido nomeado como único Mediador entre Deus e os homens (Mt 11:27; Jo 8:58; 10:30, 38; 14:9; 16:28; 5:22). Jesus ensinava, também, que o pecado havia produzido uma mudança nos homens, tornando necessário o novo nascimento e a reconciliação com Deus (Jo 3:3; 8:42; 14:6). Em harmonia com esse ensino a pessoa pode se tornar filha de Deus, mediante a fé em Cristo e receber o Espírito de adoção (Jo 1:12; Gl 3:16; 4:5: Rm 8:15). Tal filiação dá direito à herança (Mt 5:16; Rm 8:29; 1 Jo 3:2, Rm 8:17). Assim, o Pai é revelado como soberano, santo, justo e misericordioso. Daí podermos nos dirigir ao Pai em oração em Nome de Jesus (Mt 6:32; Jo 17:11; 25; 14:13-14). Esse tema é um dos mais lindos, profundo, e emocionante que temos na Bíblia: a Paternidade de YAHVEH-DEUS, o único (Dt 6:4) porque Ele é Pai, o Altíssimo (Sl 97:9); (Is 40:12-31); Criador (Gn 1:1); o homem é filho, e o pecado é a desobediência dos filhos ao Pai e o Senhor Jesus Cristo é o Unigênito do Pai que restaura os direitos políticos e econômicos dos filhos na família de Deus. As relações familiares de Deus estão descritas na Bíblia e classificadas em dois níveis: celestial e terreno; Deus é Pai de Jesus Cristo, Pai dos anjos, no âmbito celestial. E Deus é Pai da humanidade, compreendendo os judeus e os gentios cristãos, em nível terreno. A paternidade de Deus sobre Jesus é um mistério. A Cristologia trata da pessoa de Jesus, e está fundamentada num binômio paradoxal: “geração eterna”. Isto quer dizer que a divindade e a eternidade de Cristo se concentram numa afirmação inexplicável, pois a geração é a reprodução de uma vida, que tem um começo, enquanto que a eternidade não tem começo nem fim (Jo 17:24; At 17:19; Cl 1:15-17: Hb 5:5-6). No Antigo Testamento, Jesus foi identificado como Messias e como Filho de Deus:

1) Seu nascimento virginal já indicava Sua santidade e Sua existência transcendental (Mt 1:18-25; Lc 1:26-38.

2) O testemunho dos anjos, e dos pastores (Lc 2:8-20);

3) O testemunho de João Batista (Mt 3:13-17).

4) O testemunho do Diabo (Mt 4:1-11);

5) Sua morte por se dizer “Filho de Deus” (Jo 5:1-18). Todavia, os judeus sensíveis ao monoteísmo, perceberam que Jesus quando se dizia filho de Deus, não o fazia para se nivelar aos homens, mais para firmar-se como o próprio Deus. Na verdade, Jesus queria mostrar que tinha uma relação familiar distinta dos demais seres humanos. A Bíblia distingue a relação filial de Jesus com Maria, de quem ele era o primogênito (Lc 2:7, 23), e de Jesus com Deus Pai, como o Unigênito (Jo 1:14-18; 3:16,18; 1 Jo 4:9.

A paternidade de Deus sobre os anjos. Esse tema é apresentado nas Escrituras: Gn 6:1-4, que muitos interpretam como “filhos de Deus” porém, perde significado com a afirmação de Jesus: “os anjos não se casam nem se dão em casamento” (Lc 20:35-36). Essa dificuldade não existe em Jó 1:6 e 2:1, onde a referência é aos anjos. E são suficientes para configurar a relação entre Deus e seus anjos, em termos familiares.

A paternidade de Deus sobre a humanidade. Essa é a paternidade universal, segundo a qual Deus é Pai da humanidade, Deus é Pai de todos os seres humanos. Mas a paternidade universal de Deus é cara, porque custou a vida do Senhor Jesus Cristo, que se esvaiu em sangue na cruz do Calvário, para salvar a humanidade, isto é, todo pecador que confessa ao Senhor Jesus Cristo como seu Único, Suficiente, Exclusivo e Eterno Salvador é salvo para a glória de Deus Pai. A Bíblia diz que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1:26-27). A palavra “imagem” em hebraico zalen, refere-se a forma exterior (objetiva) de um ser, e a palavra “semelhança”, no hebraico demoten, tem a ver com a forma interior (subjetiva). Assim, a frase sugere uma relação metafórica onde a criatura se liga ao seu Criador de forma intensa e extensa. Numa ligação multiforme tendo em vista a “imagem e semelhança” quando corretamente interpretada. A resposta a essa questão está em Gn 5:3: “Adão… gerou um filho à sua semelhança, conforme à sua imagem”. Portanto, com traços físicos, psíquicos e espirituais, que um filho tem e se assemelha ao pai.

É inegável que Adão fora criado por Deus, mas a frase “imagem e semelhança” indica que ele fora criado para viver uma relação familiar com Deus, tão íntima como a relação que existe entre pai e filho humanos. Deus, o Criador diz que o homem foi feito à Sua imagem e semelhança, portanto ficou definida a relação entre o Criador e a criatura feita do pó da terra. A Bíblia diz textualmente que Adão foi criado, não como uma mera criatura, mas como um ser capaz de se relacionar como filho de Deus. A frase “Adão de Deus” (Lc 3:38) tem a palavra “filho” subentendida por elipse. O apóstolo Paulo, no Areópago, de Atenas, perante os sábios gregos, mostrou que a doutrina da paternidade de Deus, não era exclusivamente hebraica, mas que concordava com as mais remotas tradições filosóficas gregas (At 17:26-29). Note no v. 29, no qual o apóstolo Paulo usa o argumento da relação familiar do homem com Deus, para condenar a idolatria grega que produzia e adorava as inúmeras imagens de seres mortais (Is 40:18-25; Rm 1:23).

É importante salientar que o apóstolo Paulo demonstrou que a doutrina hebraica da paternidade de Deus não deveria ser aceita como uma novidade, posto que os filósofos mais antigos da Grécia já a conheciam. Isso prova que a doutrina da paternidade universal de Deus não é originária da Grécia, e nem conflita com a doutrina cristã da filiação do homem a Deus por meio de Jesus Cristo. Referindo-se à criação do homem, o apóstolo Paulo diz que “De um só fez todas as raças dos homens, para habitarem sobre toda a face da terra, determinando-lhes os tempos já dantes ordenados e os limites de sua habitação: para que buscassem a Deus, se porventura, tateando o pudessem achar, o qual, todavia, não está longe de cada ser humano, porque nele vivemos, e nos movemos, e, existimos como também alguns dos poetas disseram: “Pois dele também somos geração. Sendo, pois, geração de Deus não deve pensar que a divindade seja semelhante ao ouro ou a prata, ou a pedra esculpida pela arte e imaginação dos homens (At 17:26-29).” O apóstolo Paulo diz que a humanidade é geração de Deus. O fato da Bíblia afirmar que Adão foi criado como filho de Deus e que Ele é o pai da humanidade mostra que a paternidade de Deus sobre a humanidade é uma realidade inquestionável.

A paternidade de Deus sobre os judeus. A Bíblia é a história do homem e das instituições judaicas. Nela, surge o primeiro homem, sua descendência e suas instituições. Da linhagem de Adão surgiram os adamitas, semitas, hebreus, israelitas e judeus. Por causa de Adão surge a chamada especial de Deus a Sete, a Noé, a Abraão e a Jacó (que teve seu nome trocado para Israel). E Israel tornou-se a nação de Deus e os israelitas foram agraciados com a condição de “filhos de Deus” (Jr 31:9). A parábola do filho perdido, chamada de “Filho Pródigo”, contada por Jesus (Lc 15:11-32), é uma parábola que retrata a situação de uma família judaica, no contexto da paternidade de Deus sobre os judeus. O filho mais velho representava o judeu justo, zelador da lei, ortodoxo. O filho mais novo representa o judeu injusto, transgressor da lei que se rebelou contra a vontade de Deus. O pai representa o Deus de Israel, Deus misericordioso, que perdoa e restaura o filho aos direitos da família.

A paternidade de Deus sobre os cristãos. Deus chamou Abraão para que ele começasse uma nova raça, nova nação e nova religião. E, porque Israel falhou como povo e nação escolhida de Deus, então enviou Jesus ao mundo. A missão de Jesus foi restabelecer o Reino de Deus entre os homens, tendo a fé como a condição de naturalidade e não mais a Lei. Neste sentido, Jesus estava dando seguimento a religião de Abraão (Gn 15:5-6).

Na visão cristã, os filhos de Deus não são os que estão ligados geneticamente a Abraão, mas os que passam por uma conversão (mudança de vida) a Cristo, produzida pela fé (Jo 3:1-12). Jesus ensinou que os filhos de Deus são os que nascem de novo, que são regenerados em Cristo, pelo poder do Espírito Santo de Deus. Estes adquirem o direito de serem filhos de Deus e os direitos inerentes a essa condição de filhos (Jo 1:12; Rm 8:17). O novo nascimento é experiência interior, que ocorre pela conversão do ser humano a Jesus Cristo (Jo 3:3-7).

Uma das qualidades de Deus, que a doutrina da paternidade ressalta, é o seu amor pela humanidade. Deus é amoroso (Dt 7:7-8; Nm 14:17-19; Jo 3:16: 1Jo 4:8,16). A palavra amar vem do latim amare. No hebraico é ahab. No grego é agapáo. Em todas as línguas ela significa gostar de algo ou de alguém. Vale dizer que Deus tem necessidades afetivas, isto é, Ele tem prazer em se comunicar com os outros seres, como tem prazer em se fazer útil. Por isso, o amor de Deus é afetivo (que leva a sentir), e efetivo (que leva a agir). O amor é uma abertura mental, que leva à aceitação do outro como ele é. É assim, o amor de Deus.

A Bíblia afirma que o homem fora criado como filho de Deus, mas que o pecado cortou-lhe as relações familiares e o destituiu da herança, na família de Deus. Do ponto de vista genético e familiar, o pecado foi um ato de desobediência do homem à lei de Deus (Gn 2:16-17). No sentido genético, o pecado matou o homem e destruiu a imagem de Deus que estava nele. E, no sentido familiar, o pecado o destituiu dos direitos econômicos e políticos de filho. A desobediência do homem a Deus-Pai, custou-lhe o corte de sua amizade com Ele, a perda de seus direitos na família de Deus e a sua expulsão da casa paterna.

A Bíblia descreve a condição do homem pecador como: 1. Um filho deserdado (Lc 15:11-14); 2. Um filho separado (Is 59:2); 3. Um filho perdido (Lc 19:10); 4. Um filho morto para o pai (Lc 15:24 a); 5. Um filho do Diabo (Jo 8:44; 1 Jo 3:8). Por tudo isso, veio Jesus ao mundo. Ele veio reatar as relações familiares do homem com Deus. Veio fazer as pazes, a reconciliação para que o homem volte a ter amizade com o Deus Pai; os direitos na herança como filhos de Deus e para que volte a morar na Casa do Deus Pai (Rm 5:10,11; Jo 1:12; Rm 8:17; 1Tm 3:15). Em Cristo, os filhos perdidos e mortos renascem na família de Deus (Jo 2:3), e morrem para as trevas do Diabo (Ef 5:8), e readquirem o direito de serem filhos de Deus (Jo 1:12).

A palavra chave para a comunhão do filho com o Pai é o amor demonstrado pela obediência, fidelidade e solidariedade Jo 10:30: “Eu e o Pai somos um”. Pv 23:26: “Dá-me filho meu, o teu coração, e os teus olhos observem os meus caminhos”. Mt 5:48: “sede vós perfeito, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus”. Ef 3:14,15: “Por causa disto me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome”. 

Por Valdely Cardoso Brito

A FÉ E A RAZÃO

“Confia no Senhor de todo o teu coração,
e não te estribes no teu próprio entendimento”. (Pv 3.5)

“Estribar” significa “firmar-se”, “apoiar-se” em algo. Quando se vai montar num cavalo, coloca-se o pé no estribo, que é o ponto de apoio para se tomar o impulso necessário à montaria. O mesmo equipamento ajuda no equilíbrio do cavaleiro durante a cavalgada. Alguns automóveis também possuem uma peça com este nome localizada no limiar da porta.

Qual é o nosso “estribo” na vida? Em que nos firmamos para fazer nossas escolhas, tomar nossas decisões e determinar o nosso destino? Se nos firmarmos em algo instável, poderemos ser vítimas de uma queda perigosa ou até fatal. Será a razão humana suficiente para garantir nosso êxito em todas as áreas?

Muitos desprezam a fé em Deus e vivem guiados por sua própria razão. Estão firmados no entendimento intelectual, como se este fosse totalmente eficaz e confiável para todos os fins. Trata-se de uma forma de antropocentrismo.

OS LIMITES DA RAZÃO  

O raciocínio é poderoso, porém limitado. A vida, a morte e o universo não podem ser explicados pelo homem. Por quê? A mente possui uma capacidade impressionante para processar informações. Entretanto, não temos à nossa disposição todos os dados sobre todos os assuntos, principalmente no que tange à espiritualidade. E quando recebemos algum conhecimento nesse sentido, faltam-nos parâmetros de avaliação, pois a nossa lógica está restrita a elementos terrenos.

Até no campo natural, estamos bastante limitados. A ciência, por mais avançada que seja, não sabe como funciona o cérebro de uma pulga. É verdade que muitas descobertas úteis e invenções extraordinárias têm sido produzidas, mas tudo isso está localizado dentro de um limite intransponível. Os cientistas têm muitas teorias sobre os mais variados assuntos que, muitas vezes, são apregoadas como verdades absolutas. Entretanto, em alguns casos, são apenas especulações. Incluímos aí as teorias sobre a origem da vida, a teoria da evolução e outras que pretendem explicar o comportamento humano.

A verdade é que o homem não conhece bem a si mesmo. Sabe quase nada sobre seu passado e não tem controle sobre seu futuro imediato. A falta de conhecimento limita a eficácia do raciocínio. Não estou dizendo que possamos desprezar a razão. Afinal, foi Deus quem no-la deu para que fôssemos superiores às demais criaturas terrenas. A ordem de não se estribar no entendimento não significa que devamos desprezá-lo. Entretanto, é necessário que compreendamos que existe o campo da razão e o campo da fé, embora haja uma considerável interseção entre ambos.

CONCILIAÇÃO PARCIAL

Fé e razão caminham juntas até certo ponto. Daí se falar em “culto racional” (Rm 12.1) e “razão da esperança” (I Pd 3.15), passíveis de explicação e compreensão (Pv 1.2; 1.6; 2.5; 2.9; 14.8). A fé não pode ser uma crença cega em qualquer afirmação que se faça a respeito de questões incompreensíveis. Se assim for, voltamos à estaca zero, acreditando em falsas teorias “científicas” e todo tipo de heresia. A fé autêntica é a crença e a confiança em Deus, de acordo com o que a Bíblia ensina. Como podemos confiar assim nesse livro, descartando outras idéias sobre divindade e espiritualidade?

Em primeiro lugar, podemos crer porque aquilo que a Bíblia diz funciona. Mediante a operação do poder de Deus, de acordo com a prescrição bíblica, os enfermos são curados, os cegos enxergam, os paralíticos andam e vidas são transformadas para a prática da justiça através do amor. Os sinais dependem da fé, mas olhando no sentido inverso, a fé é justificada e fortalecida pelos sinais.

Viver pela fé não significa confiar em ilusões. A ação de Deus é real na vida de todo aquele que crê. Quando vemos os resultados da fé, então a nossa razão toma conhecimento dos mesmos e, embora não possa explicá-los, também não pode negá-los. Nossa razão nos dá segurança para caminhar, mas a fé nos faz voar. Andando pela razão, teremos firmeza aparente, mas, não iremos muito longe nas questões espirituais. Em nossa vida com Deus, podemos até entender o próximo passo, mas não temos como compreender todo o caminho (Pv 20.24). Por isso, precisamos da fé.

Nossa fé não dependerá da razão, mas não será necessariamente contrária a ela. Vamos além da razão, mas nem sempre estaremos contra a razão. O bom senso não pode ser abandonado, exceto em situações necessárias, quando se faz algo aparentemente absurdo por causa de uma ordem de Deus. Foi o caso de Noé construindo a arca. Em casos extremos como esse, é imprescindível uma ordem direta de Deus, de modo que não haja nenhuma dúvida. Entretanto, algumas pessoas fazem loucuras em nome de Jesus sem que Ele lhas tenha mandado. Nesse caso, a razão e a fé foram abandonadas e a presunção tomou o seu lugar. Precisamos, sempre que possível conciliar a fé e a razão. Se abandonarmos uma das duas, correremos em direção ao fanatismo ou ao racionalismo.

A RAZÃO PODE SE TORNAR OBSTÁCULO PARA A FÉ

Aquele que crê em Deus não está imune ao uso indevido da razão. Quando o Senhor nos dá uma ordem, principalmente através dos mandamentos bíblicos, usamos a razão para compreender o que fazer. Entretanto, ela pode nos atrapalhar quando tentamos entender o porquê daquela ordem ou os motivos de Deus. Esse tipo de raciocínio pode nos conduzir à desobediência. Quando Deus mandou Noé construir a arca ou quando ordenou que Abraão sacrificasse Isaque, eles não usaram a razão para tentar entender a ordem divina. Apenas tomaram as providências necessárias ao seu cumprimento. O fator decisivo foi que eles conheciam a Deus e sabiam exatamente quem estava mandando.

Quando colocamos a razão em primeiro lugar, criamos obstáculos à operação de milagres. Pela fé, estejamos certos da ação de Deus em nossas vidas, não tentando descobrir como ou porque Deus vai agir. Somos como crianças diante dele. Imagine se os filhos dependessem de compreender todas as ordens de seus pais em todos os seus detalhes? Se, para comer verduras, o filho precisasse fazer um curso de nutrição, talvez morresse antes da próxima refeição. Entretanto, o filho conhece o pai e por isso confia e obedece.

Os ateus percebem o limite de sua dependência da razão quando se encontram num leito de enfermidade. Deus tem suas maneiras de convencer o homem. Nessa hora, pode ser que alguns se rendam à necessidade da fé. Entretanto, não é necessário esperar por isso. Renda-se ao Senhor enquanto é tempo, sabendo que a nossa vida é tão breve e que cada um de nós é um ponto insignificante no universo. Como poderíamos, com a nossa razão, compreender Deus ou negar a sua existência?

CONFIE NO SENHOR

“Confia no Senhor de todo o teu coração”, assim como uma criança confia no seu pai. “Não se turbe o vosso coração”, disse Jesus, “credes em Deus; crede também em mim”. Descanse no Senhor, mesmo não compreendendo a situação atual. Creia que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”.

A confiança em Deus não elimina a oração. Pelo contrário, é por confiarmos no Senhor que levamos a ele os nossos pedidos. Em seguida, precisamos aprender a usufruir o descanso que a confiança proporciona. A criança confia nos pais, e por isso descansa não se preocupando com o alimento do dia seguinte.

Quando entramos em um ônibus e dormimos, estamos confiando nossas vidas aos cuidados do motorista. Confiemos em Deus, entregando-lhe a direção da nossa existência. Confiança é um dos aspectos da fé. Contudo, confiar é mais do que crer simplesmente. Confiar é entregar-se.

O descanso daquele que confia não deve ser confundido com negligência. A confiança no Senhor não serve como desculpa para a preguiça. A fé conduz à ação e não à inércia. Devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance e depois descansar em Deus, confiando que ele cuidará daquilo que nós não podemos fazer.

A razão do enfermo lhe diz que a morte é certa. Pela fé buscamos a cura. A razão pode produzir desespero. A fé é inseparável da esperança. A razão avalia as circunstâncias. A fé se baseia na Palavra de Deus. A razão anuncia a derrota. A fé proclama a vitória.

Por Valdely Cardoso Brito

 

CULTIVANDO A MENTE DE CRISTO

“Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da Terra” – (Cl 3.2)

PRINCÍPIOS:

  1. Fixar sua mente nas coisas de cima.
  2. Renovar a mente todos os dias.
  3. Ter disposição em preparar a mente para ação.

 

  1. De início é necessário fixar a mente em Cristo a fim de imitá-lO nas atitudes diárias. Assim estará seguindo o exemplo de Jesus Cristo, que manteve a Sua vontade conectada com a vontade do Pai Eterno.

Vamos lembrar o momento de maior aflição de Jesus antes de enfrentar a Cruz para fazer a vontade do Pai. Jesus disse: “Agora a minha alma está perturbada: e que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas para isso vim a esta hora.” (Jo 12.27).

É necessário seguir sempre o exemplo de Jesus e assim manter a coerência entre as emoções alteradas com a vontade do Pai, para então dizer como Jesus: “…não seja o que eu quero, mas o que tu queres” (Mc 14.36. Só imitando ao Senhor Jesus é que estaremos no caminho de cultivar a mente de Cristo em nós). A mente de Cristo estava em constante sintonia com a vontade do Pai, portanto, fixado nas coisas de cima.

  1. A segunda etapa é praticar a renovação da mente como está determinado em Rm 12.2, Paulo diz: “… mas transformai-vos pela renovação da vossa mente”. É preciso viver em constante renovação da mente. Jesus disse: “Quem crê em mim, como diz a Escritura, de seu interior correrão rios de água viva” (Jo 7.38). Esse é o exemplo do rio que corre e lava o velho e o morto. Para facilitar o entendimento, lembrar que o corpo humano produz novas células constantemente enquanto a vida durar.

A vida espiritual é semelhante no aspecto da renovação constante, pois o que não se renova morre. Outro aspecto da renovação da mente é a capacidade de resistir às tentações Tg 4.7: “sujeitai-vos, portanto a Deus, mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.”

A renovação da mente é progressiva enquanto somos transformados de glória em glória (2 Co 3.18). Assim, a renovação da mente implica em desenvolvimento espiritual no sentido de aplicar a Palavra de Deus à própria vida. Essa transformação vai gerar energia espiritual para se dispor a trabalhar para o Mestre Jesus Cristo com vigor espiritual.

  1. O terceiro princípio consiste na disposição de levar adiante o processo de renovação constante da mente como diz a Palavra “cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo, como filhos da obediência, e não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância, pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque está escrito: Sede santos, porque eu sou santo”. (1 Pe 1.13-16).

Resumindo: Devemos ser “imitadores de Deus como filhos amados” (Ef 5.1); permanecendo fortes no Senhor” (Ef 6.10); praticantes da Palavra (Tg 1.22); “sóbrios na oração” (1 Pe 4.7) sendo “fiéis até a morte” (Ap 2.10); e sempre prontos para servir a Jesus Cristo. Amém!

Por Valdely Cardoso Brito